Sei que faz um tempinho que não escrevo aqui no blog, mas ontem recebi o e-mail de uma mãe me contando como foi o seu processo de descoberta e aceitação. Fico muito feliz quando a vida coloca em meu caminho pessoas especiais, assim, como a Lívia, que está disposta a publicar sua história para que seja instrumento de transformação para outros pais que estejam passando por essa situação familiar. Na realidade com este gesto a Lívia está sendo empática e solidária, sentimentos tão necessários para a transformação da nossa sociedade.
Gratidão Lívia, por ter escolhido o Blog Beija-flor para publicar seu texto com o intuito de ajudar e inspirar outras famílias. Mas chega de enrolação e vamos a mais essa história de amor, respeito e aceitação.
“ Meu nome é Lívia Portugal e tenho dois filhos e o mais novo é gay. Estou lendo um livro ” Mãe sempre sabe?” escrito pela Edith Modesto, mas não sei se todas as mães sabem ou desconfiam; eu sempre desconfiei e esperei ele estar pronto para falar comigo, até que um dia ele me falou : “mãe preciso conversar com você”… então eu adiantei o assunto e perguntei: “Você gosta de meninos? É isso?”, ele começou a rir e falou: “tem algum problema?”. Eu, então, simplesmente disse que o amava do jeito que ele é e completei “seja sempre você, porque você é maravilhoso, um filho perfeito e muito carinhoso, um homem digno e honesto”. O mais difícil para mim é conviver com o medo de que alguém faça alguma maldade com ele por preconceito.
Atualmente, estou muito intolerante com os homofóbicos, isso é o que está sendo mais difícil para mim.
Confesso que tive um pouco de medo da reação do meu filho mais velho, pelo fato de ser evangélico e, por isso demoramos um pouco para contar para ele, mas quando eu contei, ele só me perguntou: “Você sabe que isso é pecado né?” E de imediato indaguei: “o pecado é seu?” E ele respondeu “Não”. Então completei “seu irmão só precisa do nosso apoio, ele não precisa do nosso julgamento, pois afinal julgar é pecado também, afinal o DEUS que eu acredito não recrimina nenhuma forma de amar”. Depois desse dia o relacionamento de nos três foi só amor, nunca em momento algum ele foi julgado pelo irmão ou por mim. Fiquei viúva aos 26 anos e desde então nós três nos tornamos um.
Para mim o AMOR, supera qualquer coisa e eu AMO meus FILHOS mais que tudo, eles são a RAZÃO da minha VIDA.
Nunca tive vergonha, pelo contrário, sempre tive muito orgulho do homem e ser humano que ele se tornou e o que depender mim, ele vai ser muito feliz.
Certa vez ouvi uma frase que dizia : “quando um filho saí do armário, uma mãe entra”, porém comigo foi diferente, pois quando eu saí do armário junto com meu filho foi para nunca mais entrar…
Márcia, leio seu blog e fico muito feliz com o seu trabalho. O que você faz é muito importante para nós MÃES. Eu moro em uma cidade pequena e parece que aqui, todas as mães que tem filhos gay, não saem do armário, não sei porque, mas é o que acontece”.
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